Em Os Sertões, Euclides da Cunha define o sertanejo como, sobretudo, um forte. Pois vou falar de um forte, em uma família de fortes, rodeado de fortes.
Seu nome é Ricardo Oliveira da Silva, tem 19 anos e está na 7ª série do fundamental, velho primeiro grau. Ricardo sofre de amiotrofia espinhal, o que lhe causa fraqueza muscular e atrofia da medula, atrelando-o a uma cadeira de rodas. Mora em Várzea Alegre, sertão do Ceará e ontem conheceu o Rio de Janeiro, onde recebeu do Eleito seu segundo ouro nas Olimpíadas Brasileiras de Matemática das Escolas Públicas, e é um dos 300 melhores na matéria em todo o país, em um universo de mais de 17 milhões.
Foi alfabetizado pela mãe, e é carregado à escola pelo pai por 1 km em um carrinho de mão, para fazer as provas. Estuda em casa, com livros que eram do irmão, ou emprestados pela escola e por professores que o auxiliam e com o professor particular Valberto, que o faz voluntariamente. Não tem internet. Seu irmão tem um bronze na mesma olimpíada. Sua família vive de uma bolsa de iniciação científica de R$100, outra do bolsa família de R$76 e come de uma rocinha que provavelmente mal dá para o consumo dos quatro.
Ontem, durante a justa homenagem no Municipal do Rio, foi devidamente destacado e citado pelo Eleito, em mais um de seus já costumeiros discursos.
É pena que hoje, provavelmente, tenha voltado para casa no mesmo velho carrinho de mão. Mas são fortes. Superaram e superarão.
P.S.: Afora os comentários deste que escreve, as informações são de reportagem de Italo Nogueira, publicada na Folha de São Paulo de hoje, caderno Cotidiano.
Falando nada de tudo e de todos. Durmam vocês com esse barulho...
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Velho.. muito massa seu blog...leitura maneira e simples... conheci através do seu link no 4x4 brasil... e umas boas dicas também...
Continue escrevendo... que a gente continua pagando o pato... hehehe
Abraços..
Rodorfo (Niva caveirão)
Carlos,
Moorei em Iporanga em 1979. Esse papo do palmito é antigo prá carai. Lembro que meus colegas de escola (estadual-única na região) tinham os pais envolvidos no negócio do palmito. Na época não havia legislação ambiental e o pau, literalmente "quebrava".
Parabéns por se dignar a escrever sobre uma região tão pobre de um estado tão rico.
EDIE-DF
Postar um comentário